Rita Barros defende um modelo dialógico social, modelo holístico e
integrador, como «(...) uma aprendizagem de competências que promovam uma ação
criativa e reflexiva na vida quotidiana e estrutural da sociedade.»
Modelo este, que preconiza a aprendizagem numa
perpetiva global e integrada valorizando, as experiências anteriores, a
consciência crítica, a participação social. Aposta numa dimensão social da
aprendizagem no sentido de desenvolver as potencialidades de cada indivíduo e
potenciar a sua intervenção na sociedade que o enquadra. Defende, assim uma
fusão dos princípios humanistas com o modelo emancipatório: «(...) a
compreensão da realidade depende do conhecimento e da possibilidade de ação
sobre a mesma, que permite direcionar a educação de Adultos no sentido da
mudança e da transformação social.», cujos pressupostos de base articulam
educação e desenvolvimento assentando
nos conceitos de autonomia, reflexividade e valorização das experiências de
vida.
Tal como Requejo
Osório, defende a existência de oferta educativa em função da procura e não a
sua retenção no espaço escolar e académico; o privilégio das estruturas de
pensamento e ação em detrimento dos resultados; a criação de públicos
participativos e atores sociais e não de meros recipientes do saber.
Daí a
importância das conceções integradoras da aprendizagem de adultos, que
sendo globalizadoras, contemplam as múltiplas facetas deste modelo,
destacando-se o modelo teórico de Yang, com caraterísticas holísticas e
uma perspetiva integrativa. Nela a aprendizagem de adultos é um constructo
pessoal com três componentes distintas que se associam, englobando vários tipos
de conhecimento que interagem de forma dinâmica, segundo vários modos de
aprendizagem. São eles:
-o conhecimento
explícito, ou seja a componente cognitiva e de compreensão da realidade, de
conhecimento formal, sistematizado e estruturado, técnico;
-o conhecimento
implícito, ou a componente comportamental, com o conhecimento pessoal e
contextual, de caráter prático;
-o conhecimento
emancipatório, ou a componente afetiva e motivacional interna que define
objetivos e orienta a ação, ou seja o conhecimento crítico.
Este modelo
contempla a necessária dimensão social, na interação com o grupo social; a
auto-organização do conhecimento; os desafios decorrentes das mudanças e
características da nossa sociedade; a importância da reflexão e compreensão; da
aprendizagem colaborativa e da solidariedade, direcionando o Ensino de Adultos
no sentido da criatividade, flexibilidade, atitude crítica e exercício da
cidadania, permitindo o seu ajustamento a uma sociedade complexa e uma possível
prossecução de justiça e solidariedade.
Eu.
Eu.
Rita Barros, Educação de Adultos: Conceitos, Processos e Marcos Históricos- Da Globalização ao Contexto Português, Lisboa, Instituto Piaget, 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário