terça-feira, 25 de junho de 2013

Ainda sobre os Modelos Teóricos da Aprendizagem de Adultos



«Os modelos teóricos [neoliberal/humanista e crítico-liberal] (...) são modelos explicativos do processos de aprendizagem que, pelo seu carácter generalista, também poderão ser aplicados à aprendizagem na vida adulta. Os dois paradigmas propostos por Quintas e, posteriormente, por mim reformulados, são princípios orientadores das práticas de Educação de Adultos.
 Quando defendo o Paradigma crítico-humanista/existencial, recorro aos contributos de Mezirow e Freire pela complementaridade que neles identifico. Mezirow apresenta uma conceptualização da aprendizagem do adulto, intelectualmente sólida, ligando-a à mudança social. Não se limita a sumariar contributos teóricos de outros autores, mas analisa-os criticamente e integra-os num quadro conceptual unificado. Pese embora se saliente uma postura ecléctica, a sua conceptualização carece de uma conexão robusta entre transformação de perspectiva (individual) e mudança social. Tal como os autores que se integram nas correntes humanistas, presume que a transformação de perspectiva e a aprendizagem do adulto conduzem automaticamente à acção e à mudança social. É justamente neste aspecto que Paulo Freire complementa esta perspectiva, ultrapassando o referido automatismo com o sublinhar da dimensão colectiva da aprendizagem, no sentido da transformação das condições sociopolíticas.»

Rita Barros, 20 de Junho


«(...)não encontramos na literatura de especialidade uma teoria geral da aprendizagem do adulto. Tal seria desde logo impossível, considerando a variedade de actividades e estilos de aprendizagem, já para não falar dos processos desenvolvimentais que recheiam a idade adulta e, como sabemos, condicionam a aprendizagem, em função da fase específica e da transição da vida adulta a que nos estamos a reportar.

Globalmente, podemos indicar três grandes correntes de pensamento em Educação de Adultos:
- o humanismo, amplamente reportado por vários membros desta comunidade,
- o pragmatismo, que sublinha a aprendizagem experiencial e o interaccionismo simbólico protagonizado por Mezirow, em que a aprendizagem tem uma dimensão individual e, simultaneamente, colectiva (a aprendizagem transformacional implica o auto-desenvolvimento da identidade).
- as abordagens sócio-críticas de inspiração marxista, nas quais se destacou Paulo Freire.

Todavia, e face à diversidade teórica, reparamos nalgumas regularidades, das quais destaco a autonomia do adulto no que se refere ao acto de aprender e à utilização da experiência pessoal como recurso de aprendizagem.
As práticas andragógicas, sustentadas em opções teóricas que definem os modelos estudados, salientam algumas das características da aprendizagem do adultos. Essas práticas, em função dos indivíduos/grupos a que se dirigem e de acordo com os objectivos da intervenção, devem então eleger os pressupostos teóricos mais adequados.»



Rita Barros, 23 de Junho



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