Os CNO’s pretendiam promover, a partir de um Referencial de Competências Chave, o Reconhecimento, a Validação e a Certificação de Competências (RVCC) adquiridas ao longo da vida como, por exemplo, as adquiridas em contextos informais e/ou pela experiência profissional, propondo uma “nova resposta às necessidades dos adultos com vista a obter e melhorar a sua certificação escolar e qualificação profissional, numa perspetiva de aprendizagem ao longo da vida” (Idem)
• Os CNO’s “nasceram” da pretensão de dar uma Nova Oportunidade a todos aqueles que entraram na vida ativa com baixos níveis de escolaridade, para poderem recuperar, completar e progredir nos estudos.
No entanto, o processo desvirtuou-se, atualmente, várias críticas se elevam em torno do processo de RVCC, como se verifica, por exemplo, em Cavaco (2008) e em Seguro (2007), baseado numa entrevista a António Nóvoa, que alerta que “é preciso manter a vigilância crítica sobre o reconhecimento de adquiridos”. Estas preocupações, de uma forma ou de outra, refletem o receio da maioria de nós: olharmos para os RVCC's como as campanhas de alfabetização do passado, “vendo-os como solução mágica para resolver o atraso educacional português”.
Cavaco refere ainda que, uma vez mais, as medidas implementadas para a educação de adultos não revelaram os resultados pretendidos, servindo, na sua maioria, para “encobrir” a realidade servindo, principalmente, para nos aproximar estatisticamente dos restantes países da União Europeia.
“As lógicas predominantes nas últimas duas décadas em Portugal (…) privilegiam a formação mais imediata, mais instrumental e mais rentável economicamente (…) coadunam-se melhor com as políticas voláteis e de curto prazo, o que se pode também designar por políticas de oportunidade”. » por Isabel Paiva
Aqui fica disponível o link para a entrevista de António Novoa, que aborda esta temática
http://www.direitodeaprender.com.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=170&Itemid=30&php MyAdmin=235a81f3915361ef48c71e68d4a10df2
Aqui fica disponível o link para a entrevista de António Novoa, que aborda esta temática
http://www.direitodeaprender.com.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=170&Itemid=30&php MyAdmin=235a81f3915361ef48c71e68d4a10df2
Fim dos CNO e constituição dos CQEP
«Permitam-me uma atualização dos factos. Neste momento, todos os Centros Novas Oportunidades (CNO), do programa Novas Oportunidades que surgiu em 2005 no Governo de José Sócrates, foram encerrados no último dia de março. Em substituição, serão criados cerca de 120 Centros para a Qualificação e Ensino Profissional (CQEP) que deverão estar em funcionamento já no próximo ano letivo.
Segundo a notícia publicada em http://www.educare.pt/educare/Atualidade.Noticia.aspx?contentid=D3F0F7CB08A67662E0400A0AB8005E7A&opsel=1&channelid=0 "...uma das principais novidades da nova rede é o alargamento do programa aos jovens, ou seja, a abertura do modelo a alunos a partir dos 15 anos, que frequentem o último ano do ensino básico, o 9.º ano, para que dessa forma tenham acesso a ofertas de formação ou prosseguimento de estudos.
Segundo a notícia publicada em http://www.educare.pt/educare/Atualidade.Noticia.aspx?contentid=D3F0F7CB08A67662E0400A0AB8005E7A&opsel=1&channelid=0 "...uma das principais novidades da nova rede é o alargamento do programa aos jovens, ou seja, a abertura do modelo a alunos a partir dos 15 anos, que frequentem o último ano do ensino básico, o 9.º ano, para que dessa forma tenham acesso a ofertas de formação ou prosseguimento de estudos.
Por outro lado, os processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) só estarão disponíveis para maiores de 18 anos. Até aos 23 anos, o encaminhamento para os RVCC dependerá de três anos de experiência profissional devidamente comprovada.
"A rede de CQEP visa uma atuação mais rigorosa e exigente, designadamente nos processos de RVCC, construída a partir de estruturas de educação e formação que constituam uma garantia de qualidade ao nível das políticas de qualificação e de emprego e da aprendizagem ao longo da vida", lê-se na portaria que define o âmbito de intervenção do CQEP, publicada em Diário da República, a 28 de março."por Lucinda Henriques
Reflexão:
«Com a assinatura do Tratado de Maastricht, a formação profissional assumiu-se como principal instrumento de convergência das políticas comunitárias.
Em Portugal, desde a implementação da estratégia de Lisboa, se dúvidas existissem em relação à primazia da formação profissional para a (re)inserção dos adultos no mercado de trabalho, o aparecimento da Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional dissipou-as completamente. Desta forma, afunila-se assumidamente a educação de adultos, no sentido sentido mais lato, ao educar para a actividade profissional. E assim, para sermos rigorosos em termos de terminologia, já não falamos de Centros Novas Oportunidades, mas sim de Centros para a Qualificação e o Ensino Profissional. De qualquer das formas, está ainda mais evidenciada a hegemonia da lógica instrumental imputada à educação de adultos. Face às mais recentes reestruturações, importa questionar onde se situa a questão ontológica da educação de adultos. E a esse propósito, quais as políticas educativas dirigidas aos adultos que já não se encontram no mercado de trabalho. A educação de adultos, inscrita no paradigma da Aprendizagem ao Longo da Vida, não deve pressupor que a aprendizagem termina com o cumprimento do ciclo laboral, sob pena de atraiçoar a coesão social tão presente ao nível discursivo. E a coesão social implica a participação e o exercício da cidadania, assente em valores éticos, os quais merecem discussão face aos acontecimentos que pautam a actualidade. Também os valores estéticos e a realização pessoal em todos os domínios do funcionamento humano são remetidos para esferas periférias, senão mesmo negligenciados. Concordo que Portugal necessita de se qualificar em termos de competências profissionais para uma maior competitividade, e nesse aspecto a formação profissional deve ser aprimorada. Não creio, contudo, que a formação profissional constitua receita para todas as necessidades educativas da população portuguesa.» por Rita Barros
Em Portugal, desde a implementação da estratégia de Lisboa, se dúvidas existissem em relação à primazia da formação profissional para a (re)inserção dos adultos no mercado de trabalho, o aparecimento da Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional dissipou-as completamente. Desta forma, afunila-se assumidamente a educação de adultos, no sentido sentido mais lato, ao educar para a actividade profissional. E assim, para sermos rigorosos em termos de terminologia, já não falamos de Centros Novas Oportunidades, mas sim de Centros para a Qualificação e o Ensino Profissional. De qualquer das formas, está ainda mais evidenciada a hegemonia da lógica instrumental imputada à educação de adultos. Face às mais recentes reestruturações, importa questionar onde se situa a questão ontológica da educação de adultos. E a esse propósito, quais as políticas educativas dirigidas aos adultos que já não se encontram no mercado de trabalho. A educação de adultos, inscrita no paradigma da Aprendizagem ao Longo da Vida, não deve pressupor que a aprendizagem termina com o cumprimento do ciclo laboral, sob pena de atraiçoar a coesão social tão presente ao nível discursivo. E a coesão social implica a participação e o exercício da cidadania, assente em valores éticos, os quais merecem discussão face aos acontecimentos que pautam a actualidade. Também os valores estéticos e a realização pessoal em todos os domínios do funcionamento humano são remetidos para esferas periférias, senão mesmo negligenciados. Concordo que Portugal necessita de se qualificar em termos de competências profissionais para uma maior competitividade, e nesse aspecto a formação profissional deve ser aprimorada. Não creio, contudo, que a formação profissional constitua receita para todas as necessidades educativas da população portuguesa.» por Rita Barros
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