«Uma questão fundamental na aprendizagem dos adultos é o envolvimento dos mesmos em actividades de aprendizagem, quer formais, que não formais. Sabemos que a aprendizagem na vida adulta está enraizada em processos volitivos e que a motivação para a participação depende das experiências prévias de aprendizagem (sobretudo em contexto formal) e das expectativas e propósitos que se deposita na mesma. De acordo com o Inquérito à Educação e Formação de Adultos, realizado em 2009 pelo Instituto Nacional de Estatística, a falta de confiança/segurança com a ideia de "voltar à escola" justificava em 20,4% dos casos a não participação em actividades de educação e formação, no que diz respeito aos adultos que não participaram nem gostariam de ter participado nas referidas actividades. Se nos centrarmos nos adultos que não participaram mas gostariam de o ter feito, este argumento reduz-se para 4,4% dos casos. Isto significa que, a par das barreiras institucionais e situacionais à participação dos adultos em actividades de aprendizagem, há barreiras disposicionais que não são de desprezar. Efectivamente, o sistema disposicional do indivíduo para a participação é regulado por processos de socialização em contextos variados (escolar, familiar, laboral, comunitário) e dele depende o valor atribuído às aprendizagens e às expectativas em relação aos seus resultados. A preocupação do sistema educativo deve dirigir-se preferencialmente àqueles que se encontram mais arredados destas actividades, aos mais velhos, aos que se encontram em maior risco de exclusão social, aos menos escolarizados e aos menos diferenciados do ponto de vista profissional. »
«Dados de 2005 da OCDE mostram que, em Portugal, as actividades de aprendizagem dirigem-se a um número restrito de pessoas que se encontram frequentemente em situação de aprendizagem, ou seja, são tendencialmente as mesmas.
É expectável que uma formação imposta ao adulto gere fraco envolvimento. Portanto, a oferta deve focar-se em objectivos imediatistas, operacionais, concretos e bem definidos. Trata-se inicialmente de uma motivação extrínseca, mas que, com o tempo, se pretende transformar numa motivação intrínseca, assente no gosto pela aprendizagem em si mesma e nos desafios que coloca (e menos nos resultados instrumentais que dela resultam). Face a adultos resistentes a qualquer forma de aprendizagem, a estratégia é muitas vezes esta.»
Rita Barros, 18 de Junho
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