quarta-feira, 5 de junho de 2013

Da Definição de Conceitos


Educação de Adultos é um conceito de amplo espectro, com diferentes acepções em diferentes países, tempos e contextos, em estreita convivência com o conceito de Formação, embora o primeiro tenha uma maior abrangência, centrada no «querer» aprender cujo objectivo é uma perspectiva de valorização do ser humano. Já o segundo conceito refere-se «grosso modo» a uma valorização ou revalorização profissional, segundo critérios funcionais.

Mas a distinção entre ambas interpenetra-se inserindo-se a última no âmbito da primeira, cujo alcance aumentou, assumindo numerosas vertentes e componentes tipológicas, assim como instituições envolvidas, metodologias, conteúdos, critérios pedagógicos, etc..

Este conceito, definido na actualidade, na sua forma mais consensual, pela XIX Conferência Geral da UNESCO em Nairobi (1976) e reajustada na Conferência de Hamburgo (1997), assenta na num conjunto lato de processos de aprendizagem em que os adultos desenvolvem capacidades, conhecimentos e competências profissionais e não só, evoluindo a nível individual e promovendo concomitantemente o desenvolvimento integral da sociedade a que pertencem.

Este conceito, «de base», foi acrescido pelo de Educação Permanente, implementado a partir da década de Sessenta do séc. XX. O seu pressuposto é o da educação para várias/todas as camadas geracionais, segundo um processo continuado no tempo e no espaço das vivências.

A sua emergência advém da rápida transformação tecnológica, social e económica e cultural a que se assistiu nas últimas décadas do referido século e das transformações demográficas no Ocidente, com acentuado envelhecimento populacional, havendo a necessidade de valorização do «capital humano».

Baseia-se numa concepção dinâmica do ser humano e da noção de «adulto» como passível de renovada apropriação de conteúdos e valorização, num contínuo reavaliar/readaptar dos seus recursos, numa perspectiva integradora do indivíduo, com a multiplicidade das suas diversas valências.

Portanto tem uma dimensão extensiva em relação aos saberes, tem uma dimensão de continuidade, uma vez que se afasta da concepção período de ensino/formação inicial, «fechado» a partir da sua conclusão; diversifica as instituições e agentes educativos; reforça o papel da autonomia e voluntarismo, articulando uma lógica humana (o desenvolvimento do indivíduo como um todo), laboral (a sua valorização profissional e produtiva) e social (incremento do bem-estar e desenvolvimento social e das práticas de cidadania).

À volta desta noção gravitam conceitos como o de Educação Contínua, mais utilizada nos países anglo-saxónicos, reportando-se a actividades educativas após o período de formação inicial. Talvez este termo se aproxime mais da noção de Educação Recorrente, utilizada pela OCDE, que assenta igualmente em oportunidades educativas de menor fôlego, para complemento da formação formal inicial, a serem utilizadas em casos específicos, essencialmente para a valorização profissional, atendendo a pressupostos socioeconómicos.

O conceito de Aprendizagem ao Longo da Vida vem progressivamente apropriar-se do conteúdo da Educação Permanente, sobrepondo a ideia de «aprendizagem» como responsabilidade e vontade individual no percurso educativo, ao de «educação» tradicionalmente institucional (mas não necessariamente).

Este conceito, de grande abrangência, uma vez que abarca todo um percurso de vida, pode apresentar, como o seu antecessor, grande heterogeneidade de destinatários, objectivos, formas e tipos de aprendizagem, modelos, conteúdos, instituições envolvidas, o que dificulta a sua operacionalização. De facto presta-se à multiplicidade de interpretações e logo de aplicabilidade. Mas, aceite pelas principais organizações internacionais, o seu público-alvo preferencial parece continuar a ser o adulto. E para alguns autores possui mesmo um sentido mais restrito do que Educação Permanente, focando-se nas necessidades de empregabilidade e do mercado; para outros trata-se de uma renovada conceptualização do anterior. Contudo, na sua acepção geral, ALV, continua a ser um princípio integrador para a actualização do conhecimento e promoção da competitividade, assim como da coesão e desenvolvimento social, não esquecendo o aspecto da valorização do indivíduo como um todo, tendo em conta a sua experiência de vida e seu enriquecimento interior. No fundo, constitui um princípio básico unificador e propiciador à mudança de paradigma educativo tradicional.

A sua aplicação prática reveste-se de aspectos mais específicos e menos ideais, sendo apropriado pelos contextos específicos de cada instituição que o aplica, debatendo-se entre o seu primeiro sentido humanista e a componente utilitarista, que todavia, não abandona totalmente a sua componente cívica e pessoal.
Eu.

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