As perspectivas
de aprendizagem que valorizam os aspectos intrínsecos do indivíduo, com enfoque
na sua estrutura interna, em relação às teorias comportamentais que privilegiam
a estrutura externa ( comportamentalismo de Skinner), dividem-se «grosso modo»
nas abordagens psicanalíticas (Freud), humanistas (Maslow e Rogers),
construtivistas (Piaget), entre as principais.
Penso ambas influeciaram os dois paradigmas presentes nas práticas de Educação de Adultos:
-Modelo
neoliberal/humanista- com ênfase no processo individual de aquisição de
saberes, a que todos teriam direito; na esteira da andragogia, considera que
todos os indivíduos podem aspirar à auto-realização e desenvolvimento das suas
potencialidades;
- Modelo
crítico-liberal- com ênfase na atuação e transformação das condições
sociais, portanto no contexto que envolve o indivíduo, privilegiando a
interdisciplinaridade.
Para Barros os
dois modelos poderão ser recolocados da seguinte forma:
-Paradigma
neoliberal/individualista- o que
atualmente domina na UE e propõe uma lógica instrumental e utilitarista na
promoção de competências, tidas como mais valias na produtividade económica;
-Paradigma
crítico-humanista/existencial- assente numa perspectiva de desenvolvimento
holístico e integrado do sujeito e das comunidades.
A autora propõe
uma articulação entre as abordagens idealistas/humanistas e as críticas-emancipatórias,
a tendência de responsabilidade social, conjugando o desenvolvimento da capacidade reflexiva e da «aprendizagem autocrítica» , que possibilita uma prática de cidadania
ativa no sentido do desenvolvimento social.
Esta abordagem sublinha
a importância dos processos sociais na formação do indivíduo, mas igualmente
deste sobre o social, ideias presentes nas teorias de aprendizagem
transformadora de Mezirow e de reflexão crítica de Paulo Freire.
Jack Mezirow
e a teoria da reflexividade crítica ou da competência educativa:
Aprendizagem é um
processo com base em interpretações anteriores, levando à construção/ alteração
daquelas, que orientarão acções futuras. Tem por base o processo de capacitação
individual para a explicitação, elaboração e relacionamento com o real,
partindo da consciência contextual e da reflexividade crítica, visando a
participação social com base no discurso e diálogo, facilitados pela Educação
para Adultos.
Destaca-se entre outros níveis de aprendizagem, a aprendizagem
transformacional, a que capacita o indivíduo com uma consciência crítica
mais apurada da estruturação da realidade, produzindo mudanças no conhecimento
e enformando a capacidade de tomada de decisões conscientes e emancipadoras.
As operações de
aprendizagem mobilizam transformações
nos esquemas de sentido ( a estrutura de conhecimentos, crenças e
sentimentos, que orientam a ação dos indivíduos) e sua ultrapassagem por novos
que questionam as perspectivas de sentido (pressupostos culturais e
psicológicos construídos a nível social) ,através da reflexão crítica que
questiona esses pressupostos, conduzindo à sua mudança, produzindo assim uma
aprendizagem transformadora pela racionalidade crítica.
Nesta teoria
denota-se o grande peso da racionalidade em detrimento do campo afectivo e
emocional; a aprendizagem é concebida como um processo sequencial, que pode ser
questionável.
Paulo Freire-
Processo de Conscientização:
Situa-se no
paradigma crítico e emancipatório, pelo qual a educação é um meio de resolução
de problemas sociais. A função da educação é a promoção da autonomia e
liberdade na construção de uma consciencialização que conduz à emancipação.
Valoriza igualmente a experiência e a reflexão e a sua relação dialéctica. O processo educativo será o processo
dialógico: a busca de si consubstancia-se na intersubjectividade,
possibilitando a tomada de consciência e a libertação pela possibilidade de
autonomia revelada nas tomadas de decisão.
O conceito
central é a consciencialização de si e dos outros e do mundo através da auto-reflexão.
O indivíduo torna-se responsável pelo seu percurso, numa reflexão crítica
aliada à ação que conduz à transformação do meio. A educação é definida como
uma dimensão epistemológica (conhecimento) e de transformação (política ) com
base na aprendizagem dialógica, que conduz a essa dimensão libertadora que se
opõe ao conhecimento como depósito de saberes acríticos. A aprendizagem
dialógica é uma ação global assente na problematização e comunicação
intersubjectiva que possibilita a
autodescoberta e a consciencialização.
torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente,
ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se
a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda."
in, http://www.paulofreire.ce.ufpb.br/paulofreire/Controle?tipo=imagem&op=listar&id=0&obra_critica=O
Nesta concepção
denota-se a dificuldade da sua colocação em prática por razões de ordem vária.
Ambas as
correntes ao evidenciarem a importância do contexto social demonstram
influência das correntes construtivistas.
Segundo Isabel Paiva, 21 de Junho |
Estas concepções
têm pois, como pilares:
- a relação
aprendizagem/desenvolvimento;
-os conceitos de
autonomia/liberdade/formação de identidade que conduzem à emancipação como
reinterpretação das realidades internas e externas nos sistemas de significação
construídos pelo indivíduo;
-o caráter
holístico;
-a consciência e
interacção dos aspectos políticos e socioculturais;
-o papel da
experiência, da tomada de consciência e da reflexão.
Eu.
Eu.
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