terça-feira, 25 de junho de 2013

Perspectivas e Modelos de Aprendizagem de Adultos:


As perspectivas de aprendizagem que valorizam os aspectos intrínsecos do indivíduo, com enfoque na sua estrutura interna, em relação às teorias comportamentais que privilegiam a estrutura externa ( comportamentalismo de Skinner), dividem-se «grosso modo» nas abordagens psicanalíticas (Freud), humanistas (Maslow e Rogers), construtivistas (Piaget), entre as principais.

Penso ambas influeciaram os dois paradigmas presentes nas práticas de Educação de Adultos:
-Modelo neoliberal/humanista- com ênfase no processo individual de aquisição de saberes, a que todos teriam direito; na esteira da andragogia, considera que todos os indivíduos podem aspirar à auto-realização e desenvolvimento das suas potencialidades;
- Modelo crítico-liberal- com ênfase na atuação e transformação das condições sociais, portanto no contexto que envolve o indivíduo, privilegiando a interdisciplinaridade.

Para Barros os dois modelos poderão ser recolocados da seguinte forma:
-Paradigma neoliberal/individualista-  o que atualmente domina na UE e propõe uma lógica instrumental e utilitarista na promoção de competências, tidas como mais valias na produtividade económica;
-Paradigma crítico-humanista/existencial- assente numa perspectiva de desenvolvimento holístico e integrado do sujeito e das comunidades. 
A autora propõe uma articulação entre as abordagens idealistas/humanistas e as críticas-emancipatórias, a tendência de responsabilidade social, conjugando o desenvolvimento  da capacidade reflexiva  e da «aprendizagem autocrítica» , que possibilita uma prática de cidadania ativa no sentido do desenvolvimento social.
Esta abordagem sublinha a importância dos processos sociais na formação do indivíduo, mas igualmente deste sobre o social, ideias presentes nas teorias de aprendizagem transformadora de Mezirow e de reflexão crítica de Paulo Freire.

Jack Mezirow e a teoria da reflexividade crítica ou da competência educativa:  
Aprendizagem é um processo com base em interpretações anteriores, levando à construção/ alteração daquelas, que orientarão acções futuras. Tem por base o processo de capacitação individual para a explicitação, elaboração e relacionamento com o real, partindo da consciência contextual e da reflexividade crítica, visando a participação social com base no discurso e diálogo, facilitados pela Educação para Adultos. 
Destaca-se entre outros níveis de aprendizagem, a aprendizagem transformacional, a que capacita o indivíduo com uma consciência crítica mais apurada da estruturação da realidade, produzindo mudanças no conhecimento e enformando a capacidade de tomada de decisões conscientes e emancipadoras.
As operações de aprendizagem mobilizam transformações  nos esquemas de sentido ( a estrutura de conhecimentos, crenças e sentimentos, que orientam a ação dos indivíduos) e sua ultrapassagem por novos que questionam as perspectivas de sentido (pressupostos culturais e psicológicos construídos a nível social) ,através da reflexão crítica que questiona esses pressupostos, conduzindo à sua mudança, produzindo assim uma aprendizagem transformadora pela racionalidade crítica.
Nesta teoria denota-se o grande peso da racionalidade em detrimento do campo afectivo e emocional; a aprendizagem é concebida como um processo sequencial, que pode ser questionável.




Paulo Freire- Processo de Conscientização:
Situa-se no paradigma crítico e emancipatório, pelo qual a educação é um meio de resolução de problemas sociais. A função da educação é a promoção da autonomia e liberdade na construção de uma consciencialização que conduz à emancipação. Valoriza igualmente a experiência e a reflexão e a sua relação dialéctica.  O processo educativo será o processo dialógico: a busca de si consubstancia-se na intersubjectividade, possibilitando a tomada de consciência e a libertação pela possibilidade de autonomia revelada nas tomadas de decisão.
O conceito central é a consciencialização de si e dos outros e do mundo através da auto-reflexão. O indivíduo torna-se responsável pelo seu percurso, numa reflexão crítica aliada à ação que conduz à transformação do meio. A educação é definida como uma dimensão epistemológica (conhecimento) e de transformação (política ) com base na aprendizagem dialógica, que conduz a essa dimensão libertadora que se opõe ao conhecimento como depósito de saberes acríticos. A aprendizagem dialógica é uma ação global assente na problematização e comunicação intersubjectiva  que possibilita a autodescoberta e a consciencialização.

"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo,        

torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente,
ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se
a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda."





Nesta concepção denota-se a dificuldade da sua colocação em prática por razões de ordem vária.

Ambas as correntes ao evidenciarem a importância do contexto social demonstram influência das correntes construtivistas.

Segundo Isabel Paiva, 21 de Junho


Estas concepções têm pois, como pilares:
- a relação aprendizagem/desenvolvimento;
-os conceitos de autonomia/liberdade/formação de identidade que conduzem à emancipação como reinterpretação das realidades internas e externas nos sistemas de significação construídos pelo indivíduo;
-o caráter holístico;
-a consciência e interacção dos aspectos políticos e socioculturais;
-o papel da experiência, da tomada de consciência e  da reflexão.
Eu.

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