«[Segundo a análise de Ana António do] artigo da autoria de Natália Alves “E se a melhoria da empregabilidade dos jovens escondesse novas formas de desigualdade social” que se encontra no nº2 da revista Sísifo - inserida aqui pela Isabel Paiva. Natália Alves refere que “a profissionalização do sistema educativo é o resultado de uma política voluntarista do Estado que não encontra eco num tecido empresarial que continua a apostar nos baixos custos da mão-de-obra como fator de competitividade ao mesmo tempo que relega para um plano secundário a discussão do seu papel na (re)produção social e na criação de formas “doces” de exclusão.”
A autora toma como ponto de partida a evolução do conceito de empregabilidade ao longo do século XX, nos vários países até referir que, em Portugal, esse mesmo conceito tem estado associado de um modo geral aos desempregados, e de um modo particular, aos desempregados de longa duração, tornando-se numa constante das política pública de emprego-formação, destinadas a este último grupo. Natália Alves acrescenta que a aceção de empregabilidade foi incluída muito recentemente no sector educativo, mas com menor destaque. Se bem que tem sido uma constante na agenda política o objetivo de melhorar a empregabilidade dos jovens - associada ao aumento da competividade, ao combate ao desemprego e à exclusão social, o facto é que o nosso país continua a construir as vantagens competitivas nos baixos custos da força de trabalho; as empresas apostam em indivíduos que mostrem disponibilidade às novas formas de exploração do trabalho, um discurso político e empresarial que apontam como causas do desemprego, a reduzida competitividade da economia e a falta de qualificação da mão-de-obra juvenil. A autora salienta, ainda, que os discursos e políticas que reivindicam a competividade económica, combate ao desemprego e à exclusão social, na verdade, ocultam o efeito destas modalidades de formação no que toca as desigualdades sociais.
Concluindo,Natália Alves que direciona os efeitos destes processos formativos apenas para o mercado de trabalho, dá conta de um cenário pouco animador.
Seis anos após a data do artigo, resta-nos aguardar, com alguma expectativa, a implementação dos novos CQEP» por Ana António
«(...) parece-me pertinente referir que a educação de adultos é realmente indispensável ao desenvolvimento humano e social, e à modernização económica, ainda que por si só não seja garantia da sua realização. Como refere o Professor Rui Canário (2005), uma educação aprisionada e domesticada por objetivos meramente instrumentais, ou por interesses particulares, deixa simplesmente de o ser, em termos de educação crítica para a liberdade e a democracia. Este é um tema bastante atual, que carece de uma intervenção urgente visto ser uma condição do mundo atual baseado na reestruturação produtiva, na globalização.
Mais do que nunca, é imperativa a aproximação dos níveis de instrução e desenvolvimento de Portugal aos da restante União Europeia, mas concordo inteiramente com a professora Rita quando afirma que não acredita que a formação profissional seja a solução para todas as necessidades educativas da população portuguesa.» por Lucinda Henriques
Revista Sísifo nº 2:
http://sisifo.fpce.ul.pt/pdfs/%20Numero2COMPLETO.pdf
Sobre o fim dos CNO e as dúvidas que se levantam veja-se o artigo de Teresa Medina, «Educação de Adultos à Deriva» in Página da Educação, nº 196, Primavera 2012
http://agitarfazerpensar.blogspot.pt/2012/04/pagina-da-educacao-educacao-de-adultos.html,
assim como o texto de Paula Guimarães ,Desinteresse, desapego e desvalorização da Educação de Adultos em Portugal" de 15 de Março de 2013
http://www.direitodeaprender.com.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=785&Itemid=5
Portaria 135 A de 28 Março de 2013 (Extinção dos CNO e criação dos CQEP):
http://www.qren.pt/np4/3365.html#2
Despacho n.º 6904/2013 que regulamenta os critérios de seleção das novas entidades:
http://www.forma-te.com/images/stories/criterios.pdf
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