domingo, 21 de julho de 2013

Reflexão Final

Acabada que é esta ação de formação, impõe-se uma reflexão final, no sentido, tantas vezes referido de uma metacognição, sobre o meu desempenho no processo.
Sendo a minha área a História,  e as Ciências da Educação um território muito pouco desbravado por mim, foi-me difícil a apropriação de conceitos e modelos teóricos referidos nos textos. Talvez por isso, foram eles o meu «ponto de apoio» e restringi-me à sua análise, não extravasando os seus limites. Por tal tentei assimilar os seus conteúdos em sínteses, talvez não muito sintéticas, que acabei por «postar» nas discussões do fórum, o que não seria o desejável, mas foi a minha estratégia possível para me inserir no espaço de discussão com os colegas. A partir desses resumos era-me mais fácil refletir e «oferecer» outras participações.
Penso que as discussões foram profícuas, com muitos contributos trazidos pelos colegas e sempre bem moderadas/esclarecidas pela Dr.ª Rita Barros.
Também o blogue presente enferma do mesmo mal: aqui «postei» as minhas tentativas de síntese e os contributos dos colegas e da formadora, tentando sistematizar os dados da discussão e trazer alguns dados complementares através de links disponibilizados. No fundo, uma sistematização e um «quadro» do que se passava nos fóruns de discussão. Talvez não fosse esse o objetivo...ou talvez as reflexões de maior alcance coubessem aqui e não nos fóruns.
De facto, em território desconhecido e em tempo limitado, tentei não perder o pé, correndo o risco da repetição de conteúdos.
Seja como for, o meu entendimento dos conceitos de base, da evolução do ensino de adultos, dos pressupostos e modelos teóricos, do papel do adulto aprendente e do formador/agente da aprendizagem, da sua aplicação prática, com sucessos e limitações e finalmente dos diferentes projetos e práticas neste campo, saiu grandemente enriquecido. A minha visão é já outra. E concluindo, sublinho que, embora tudo tenha sido importante, valorizo a conceção  da Aprendizagem de Adultos como um processo integrador, dinâmico, holístico, interrelacionado com o desenvolvimento local e até global, além do pessoal, para lá da mera aceção economicista e profissionalizante  ou de equiparação a currículos académicos a que estamos habituados. No fundo, o ensino e aprendizagem de adultos não se limita a uma soma de novas competências; mas poderá constituir um novo modelo, mais vasto, de prática de cidadania e de atuação da sociedade civil, num paradigma mais humano e generoso onde cabe a esperança, o que é quase tudo nos dias que correm... Entretanto aguarda-nos o restante verão...

Projetos Educativos no Espaço Museológico



Sobre o Seminário "Serviços educativos em espaços culturais"

«Os serviços educativos vão para além do trabalho com as escolas e das visitas guiadas; os serviços educativos não pretendem substituir o papel da escola, o museu pode e deve ser um espaço para a educação não formal; Para além disso, a educação museal pode significar: campo de experimentação; espaço de negociação e comunicação; espaço de criatividade e inovação; espaço de conexão e intersecção do lazer e da educação; proporcionar prazer e sentido lúdico; espaço que promove a diversidade cultural e uma abordagem plural; espaço para a participação das pessoas; espaço de intervenção social; espaços de mediação e construção partilhada de saberes e experiências; mediação que vai para além da transmissão e que promove a construção de conhecimentos; espaço de relevância; espaço dinamizador; espaço para dar lugar a experiências significativas; deve promover iniciativas relevantes; proporcionar qualidade da experiência; espaço para a educação artística; espaço para a activação das memórias e promoção de diálogos; incluir projectos de proximidade; programar com as crianças; estabelecer pontes com as comunidades; os serviços educativos devem trabalhar com públicos dos 0 aos 99 anos; é essencial acreditar no trabalho educativo que se faz, saber afirmá-lo, conhecer aprofundadamente o objecto de estudo do trabalho educativo (ex. colecção, artista), conhecer os públicos, nomeadamente as suas motivações e as suas realidades sócio-culturais e por sua vez escolher a programação em função das suas necessidades; premissas para o trabalho educativo: o território como ponto de partida e da comunidade local ao alargamento; é preciso partilhar com os públicos os objectivos e a missão do trabalho educativo; a importância da definição da missão de cada serviço educativo; espaço para pensar, fazer e participar, ou seja todas as formas de aprender são essenciais para as competências da vida, o trabalho educativo nos museus deve reflectir esta filosofia; todos têm talentos, competências e cabe ao educador identificar estas valências e neste sentido o serviço educativo pode ser um espaço para encontrar esses talentos; espaço para construir, descobrir, aprender e criar; trabalhar/colaborar com outras instituições no espaço físico do museu (interior e exterior) e também fora do museu; é preciso mudar o conceito de educação no museu, no sentido em que se reclama que a educação deve ir para além da tradução do olhar; é preciso não infantilizar os públicos; é necessário elaborar estratégias a longo prazo que tenham em conta as especificidades de cada museu, respectivo enquadramento no meio e comunidade onde se insere e, assim, definir uma metodologia adequada; é necessário avaliar o impacto das estratégias desenvolvidas; todos os programas e projectos desenvolvidos e experimentados devem ser objecto de avaliação; é necessário estabelecer critérios de avaliação e publicar os resultados obtidos; implementar a seguinte filosofia: “concentre-se nos pontos fortes, reconheça as fraquezas, agarre as oportunidades e proteja-se contra as ameaças”(...)»,


pela autora do blogue «No Mundo dos Museus», Ana Carvalho em 4/02/2010
http://nomundodosmuseus.hypotheses.org/2594




Projetos educativos: Voluntários da Leitura


Portal Voluntários de Leitura




«Este portal, lançado pelo CITI – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, visa criar instrumentos de apoio a todo o tipo de voluntariado que incida na promoção da leitura e realizar investigação sobre o impacto do voluntariado na promoção da literacia e no desenvolvimento social.»
http://www.voluntariosdaleitura.org/

Esta iniciativa dirige-se especialmente a crianças, mas porque não alargar o seu âmbito e contribuir para uma maior e melhor literacia entre os adultos?





Projetos de Desenvolvimento Local







«Entidade privada de interesse público e sem fins lucrativos, a MINHA TERRA – Federação Portuguesa de Associações de Desenvolvimento Local foi constituída no ano 2000, por iniciativa de um grupo alargado de Associações de Desenvolvimento Local (ADL), institucionalizando uma rede que se consolidava, desde há alguns anos, sob o denominador comum da convergência de objectivos, do diálogo, da partilha e de um vasto trabalho conjunto no desenho e implementação de soluções e intervenções em prol do desenvolvimento dos espaços rurais nacionais.» http://www.minhaterra.pt/spip.php?rubrique2

Anim@Te – Animação para o Desenvolvimento Territorial
«O Projecto Anim@Te, desenvolvido no âmbito da Iniciativa Comunitária Equal, visa contribuir para o aprofundamento da reflexão e produção de conhecimento sobre o papel, as formas e a importância da animação nos processos de desenvolvimento territorial e tem vindo a realizar um conjunto de iniciativas dedicadas a esta temática desde Abril de 2008.


Este projecto resulta do trabalho de reflexão, em Rede Temática / Comunidade de Prática, de um conjunto de entidades que durante dois anos, desenvolveram projectos de Animação Territorial no terreno (no âmbito da Iniciativa Equal).»


PROVE - Promover e Vender
«O projecto PROVE – Promover e Vender, desenvolvido no âmbito da Iniciativa Comunitária EQUAL, pretendeu desenvolver e testar um sistema de comercialização de proximidade de produtos agrícolas. Numa primeira fase a parceria do projecto trabalhou com um grupo de pequenos produtores dos concelhos de Palmela e Sesimbra, para melhorar o escoamento das suas produções. Face aos resultados alcançados, esta experiência tem vindo a ser replicada noutros territórios.»

Projeto Europeu de Educação de Adultos: Histórias Comuns da Europa


CommonStories LOGO






«Achei interessante a implementação deste projeto de divulgação das boas práticas em educação de adultos e a forma como ele próprio foi concebido, com vários recursos, dos quais se destaca o stortelling, ou seja a arte de contar histórias, atividade esta que promove a transmissão de conhecimento intergeracional, e o reforço de uma identidade cultural comum aos vários países participantes. Trata-se então reativar e reaproveitar conhecimentos a nível de um coletivo (...). Este projeto tem ainda como objetivo essencial a promoção do envelhecimento ativo o que se coaduna com o propósito da Aprendizagem ao Longo da Vida.O “Histórias Comuns da Europa” teve o seu início em agosto de 2012 e durará até julho de 2014. »

Projetos Educativos:Programa Brasileiro de Formação do Jovem Artesão



«O Programa de Formação do Jovem Artesão é uma ação de inclusão social e cultural, realizada pelo Museu do Homem do Nordeste da Fundação Joaquim Nabuco e o Movimento Pró-Criança, em parceria com o Grupo Faço Arte no Museu. O Programa oferece oficinas de artes plásticas e arte popular gratuitas para jovens de baixa renda, proporcionando a vivência com práticas e atividades artísticas dentro de Instituições culturais e sociais.»

http://www.fundaj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=253&Itemid=238

«(...) Este é um projeto educativo bastante interessante, por permitir o contacto com a prática artesanal (em Portugal seria o caso de recuperar o artesanato, uma vez que muitos ofícios tendem a desaparecer por não terem continuidade por parte das gerações mais novas), por procurar melhorar as condições económicas desfavorecidas em que vivem os formandos e as suas famílias e por gerar emprego a partir da atividade artesanal. Apesar de ser dirigido a jovens, julgo que um projeto desta natureza pode também ser destinado a adultos.»
Por Ana António , 12 de Julho

Escolas Profissionais e Projetos Educativos



«(...) o artigo do Engº Luís Presa, Presidente da ANESPO- Associação Nacional de Escolas Profissionais “Tempo de Pensar e Reprensar os Projetos Educativos” em que [se]destaca a forte ligação aos dos projetos educativos das escolas aos contextos locais e regionais, mais concretamente ao tecido económico e social onde se desenvolvem as atividades. O Engº Luis Presa prossegue o seu discurso evidenciando os aspetos positivos e as mais valias das Escolas Profissionais nomeadamente o envolvimento de vários agentes e instituições da sociedade civil, a oferta formativa diversificada para jovens e adultos, o que se repercutiu na coerência e eficácia das Escolas numa lógica de maximização dos recursos educativos, o que “coloca as Escolas Profissionais na senda dos projetos mais consistentes e inovadores, um verdadeiro referencial de boas práticas”. Tal resultou na proposta à Agencia Nacional para a Qualificação da conceção do Guião dos Projetos Educativos no Protocolo de Cooperação, subscrito em 2009, sendo este documento validado pela ANQ em 2011 e disponibilizado em vários suportes. Todavia, o Presidente da ANESPO salienta que: “não chega ter um guião para a elaboração dos projetos educativos. É preciso ter, agora, um olhar mais atento sobre as atuais políticas educativas, formativas e de certificação.
Neste sentido acrescenta ainda que :
“Os diversos intervenientes nos projetos educativos, quando pretendem fazer aprovar um instrumento de médio prazo, no seio da comunidade educativa e formativa, mesmo que os tempos sejam algo conturbados, devem ter a necessária clarividência para:
a )Fazer os projetos educativos de forma coerente com aquilo que são os diagnósticos de necessidades dos respetivos territórios;
b) Responder às necessidades do tecido económico e social envolvente;
c) Ter em conta os interesses vocacionais dos jovens;
d) Prever uma forma de organização da formação exigente e uma avaliação em linha com os parâmetros científicos mais consistentes.
e) Permitir a adoção de práticas reflexivas assentes no pressuposto da melhoria contínua.
Os projetos educativos e formativos devem ser os faróis das Escolas. Devem indicar os caminhos. Apontar estratégias. Indicar metas.” Eu não podia estar mais de acordo com o propósito e intencionalidade dos projetos educativos, mas olhando à forma como o processo se vai desenrolando na prática o que aliás já foi referido aqui no fórum, penso que ainda algum caminho a percorrer neste sentido, mas pelo menos não percamos a esperança nem tais objetivos de vista.»


http://www.anuarioescolasprofissionais.com/
Por Ana António, 12 de Julho

Desenvolvimento Local e Pessoal: visão assistencialista ou emancipatória?



«Há pouco tempo uma instituição local de cariz cristão pediu-me que, em regime de voluntariado, pudesse acompanhar, através de psicoterapia, algumas pessoas integradas em famílias carenciadas e de baixos rendimentos. A verdade é que o trabalho atual, apesar de procurar alcançar objetivos mais profundos com esta nova valência, continua a ser limitado pelas acções de entrega de bens (roupas, alimentos, medicamentos) a estas famílias e algum suporte caritativo. Penso que seria possível desenvolver uma projeto mais abrangente que fosse de encontro à ideia da educação para o desenvolvimento.»

«Partilho um artigo de Alcides Monteiro “Autonomia e co-responsabilidade ou o lugar da Educação de Adultos na luta pela inclusão social”. Este artigo aborda a “responsabilidade como uma construção a partir de uma estrutura de interacções que conjuntamente com o reforço da capacidade auto-reflexiva e de autonomia contribuem para a inclusão social das populações desfavorecidas e a sua condução ao pleno estatuto de cidadãos e parceiros”. Explora o modo como os Cursos EFA, dirigidos a mulheres desempregadas e residentes em ambiente rural ajudam no exercício da cidadania das mesmas e como as ajuda a participarem na determinação do seu destino.»

http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/file.php/93442/moddata/forum/869722/24788231/Autonomia_e_co-responsabilidade_ou_o_lugar_da_Educacao_de_Adultos_na_luta_pela_inclusao_social.pdf

Por Rogério, 12 de Julho


«(...)Um ponto que me parece extremamente importante e (...) prende- [se] com o carácter mais assistencialista e menos emancipatório que caracteriza muitas das intervenções de desenvolvimento local. A conjuntura socioeconómica actual exige que, em muitas situações, o fornecimento de bens essenciais à sobrevivência seja uma prioridade. No limite, compreende-se bem essa exigência. No entanto, a capacitação desta pessoas com competências para reverter a precária situação em que se encontram implica respostas educativas, de carácter mais estruturado e sistematizado.O mesmo se coloca em relação a intervenções clínicas que, através da psicoterapia, pretendem provocar mudanças em termos de funcionamento psicológico, com vista a uma adaptação mais bem sucedida. Neste contexto, recordo a pirâmide de necessidades de Maslow. Quando as necessidades que se encontram na base da pirâmide não são cumpridas, a satisfação de todas as outras fica comprometida....»

por Rita Barros, 12 de Julho

Estou completamente de acordo com a necessidade de intervenções de carácter emancipatório, mais do que assistencialista ou benemérita, no que ao desenvolvimento local e à educação de adultos, em particular, diz respeito. No entanto como contornar as difíceis condicionantes económicas se, pelo que me pareceu, até o próprio projeto Risc depende em parte de fundos governamentais ou comunitários?
Como atuar num país como o nosso, marcado pela discrepância económica entre classes, pelo exercício caritativo, com um fraca tradição de ação da sociedade civil e exercício de cidadania, face à crise que o nosso Estado social, de construção mais recente do que muitos dos seus congéneres europeus, enfrenta?

Aqui entraria o papel da ótica educativa humanista emancipatória que congregasse os esforços da sociedade civil para ações de formação/transformação das condições. Mas como começarmos? O voluntariado é uma boa hipótese, o associativismo também, mas depararão sempre com condicionantes económicas...Mecenato? Consciência social das empresas? Outra hipótese, mas até que ponto desejada por estas , orientadas pela lógica do lucro e da «devoção» incondicional do trabalhador, que só existe como tal? E qual o futuro papel do Estado neste campo? Questões preocupantes que ficam em aberto nesta época de charneira em que tanto, para o bem como para o mal, se poderá decidir...
Parece-me que teremos de ser nós, cidadãos de boa-vontade, a arregaçar as mangas, numa nova perspectiva menos individualista e egoísta. Talvez reaprender a partilhar e dividir.
Eu.

«Na última parte do terceiro artigo, o autor Dave Richards faz um balanço da atividade da RISC ao longo dos tempos fazendo antever a continuidade da concretização dos objetivos , apesar das conjeturas políticas e económicas. O autor destaca precisamente os fatores que têm contribuído para a sobrevivência da organização nestes tempos conturbados, nomeadamente o compromisso do corpo dirigente, a força de vontade e o espírito de sacrifício em nome de um bem maior e a capacidade de formular projetos inovadores e aliciantes que atraiam patrocinadores, ao mesmo tempo que manifesta a sua preocupação relativamente à existência e disponibilidade, por parte de gerações mais novas, em dar continuidade aos projetos com o mesmo espírito empreendedor e visionário.
Relativamente ao nosso país, penso que falta um pouco esta perspetiva humanista no sentido de haver um coletivo a lutar por um bem maior; ou seja penso que existem muitas vontades e iniciativas por parte de indivíduos com uma visão humanista e associativista que não ganham a devida consistência num contexto de grupo devido a divergências de interesses, de disponibilidades, de mentalidades, por uma por uma perspetiva individualista predominante, (...) e por uma cultura ainda indiferente à dimensão holística e integral do desenvolvimento humano. »
Por Ana António, 12 de Julho



sábado, 20 de julho de 2013

Das Dificuldades em ser Reflexivo



Tendo em mente a minha experiência como formadora de cursos EFA e RVCC, no torvelinho do processo e pressionada pelas condições e exigências externas e estatísticas nem sempre é fácil ser «reflexivo». E isto remete-me para as considerações que Armando Loureiro faz sobre as condições de implementação destes processos e suas falhas. Da minha experiência posso sublinhar a lógica imperativa do subsídio e dos «formandos profissionais», o facilitismo, a dificuldade de captar a atenção dos formandos para os módulos de formação de base e as dificuldades de implementação da parte profissional, o fraco desempenho e desinteresse de alguns(muitos ) formandos (que não teriam o perfil desejável para a ação), cientes que o final do processo sempre lhes seria favorável. Captá-los exigia uma dose gigante de empatia, compreensão e tolerância.No entanto no final, verificou-se em grande número de casos, um crescimento, não tanto a nível do domínio dos conteúdos, mas das práticas de sociabilidade, crescimento pessoal, trabalho de grupo e autoestima.
Acho que muitos saíram deste processo um pouco mais conscientes de si,mais «completos», mas interrogo-me acerca das consequências futuras que terá tido ou não para muitos dos que os frequentaram.
Eu.




«No contexto dos cursos EFA, mas sobretudo dos processos RVCC, verifica-se que que as expectativas em relação a uma maior acessibilidade ao mercado de trabalho ou a mais valias remuneratórias não são cumpridas. É evidente que o aumento das taxas de desemprego contribuem para o defraudar destas expectativas e, este facto, tem limitado a mobilização dos indivíduos para a aprendizagem (Cordeiro, 2007). Gostaria, no entanto, de salientar a perspectiva dos ex-formandos em relação à aprendizagem. A este propósito, vários autores portugueses (e.g.Meireles & Xavier, 2010; Rico & Libório, 2009) têm vindo a apontar o reconhecimento dos benefícios pessoais por parte dos adultos, designadamente em termos de auto-estima e de mudança para atitudes mais favoráveis face à formação, face à aprendizagem e face à vida. O livro publicado em 2012 pelo Doutor Licínio Lima e pela Doutora Paula Guimarães, intitulado "Percurso Educativos e Vida Dos Adultos" é exemplar nesta demonstração.»
 link: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/21703/1/Percursos%20Educativos%20e%20Vidas%20dos%20Adultos.pdf

Outra bibliografia:


- Cordeiro, L. (2007). Da pertinência de um sistema que valorize e promova a aprendizagem ao longo da vida. InAprendizagem ao Longo da Vida no Debate Nacional sobre Educação. Lisboa: Conselho Nacional de Educação.

- Meireles, S. & Xavier, M. R. (2010). Educação e Formação de Adultos: Resiliência, Desenvolvimento Pessoal e Vocacional. Actas do VII Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia, Universidade do Minho, 4-6 de Fevereiro de 2010, 3819-3833.

- Rico, H. & Libório, T. (2009). Impacto do Centro de RVCC da Fundação Alentejo na Qualificação dos Alentejanos. Lisboa: Fundação Alentejo.

por Rita Barros, 12 de Julho

O Professor Reflexivo e o Projeto Educativo



«A atual valorização dos processos cognitivos aceita o sujeito em formação, quer seja o professor ou o aluno, como uma pessoa que pensa, dando-lhe o direito de construir o seu próprio conhecimento. A experiência é entendida como fonte de aprendizagem, a metacognição como um processo que permite refletir sobre o próprio percurso de busca de conhecimento e a metacomunicação como um processo capaz de avaliar a interação.
Para Alarcão (1996) é tempo de ser reflexivo por duas razões: (1) porque está na moda e não podemos ficar indiferentes ao movimento que se gerou em torno da reflexão sob pena de sermos rapidamente ultrapassados; (2) porque o mundo em que vivemos está a sofrer rápidas e profundas mudanças (globalização, poluição, fundamentalismo e extremismos, consumismo, desemprego, individualismo exacerbado, etc.) e como ser pensante que somos interrogamo-nos sobre os valores da nossa existência. E, enquanto professores (a autora é profesora) preocupamo-nos com as finalidades da educação e as metodologias de formação.
Mas, para Alarcão (1996), o conceito de professor reflexivo não se esgota no imediato da ação docente. O professor tem que refletir sobre quem é, o que faz e porque o faz. Enquanto ser reflexivo, o professor tem que ter consciência do lugar que ocupa na sociedade e ser agente de mudança na sociedade, responsabilizando-se pelo funcionamento da escola como organização ao serviço do grande projeto social que é a educação.
Neste contexto, o objetivo da reflexão é a atribuição de sentido que permita um maior conhecimento e uma melhor atuação. As estratégias de formação reflexiva implicam o sujeito num processo pessoal de questionamento do saber e da experiência numa atitude de compreensão de si mesmo e da realidade que o rodeia. Neste processo, deverá o professor/formador, descobrir-se enquanto professor e conhecer as condições em que exerce a sua profissão, tomando consciência do processo reflexivo de formação que propõe aos seus alunos. Nesta perspetiva é essencial que a estratégia de formação, englobada num projeto educativo, revele aos alunos as finalidades, os conteúdos e as estratégias da própria formação, numa atitude de consciencialização dos objetivos mas também do percurso a percorrer. »

ALARCÃO, I. (1996). “Ser professor reflexivo”. In ALARCÃO, I. (org.), Formação reflexiva de professores. Estratégias de supervisão. Porto: Porto Editora, pp. 171-189.




Por Lucinda, 11 de Julho




[Este texto] «(...)sublinha uma contradição que, do meu ponto de vista, emerge nestes tempos (pós)modernos. A complexidade decorrente das novas realidades socioeconómicas com que nos deparamos sustenta a necessidade de reflexão sobre a realidade, sobre os outros e sobre si próprio. Esta reflexão exige tempo e não se compadece com a agitação e a aceleração em que vivemos, para a qual contribuem sentimentos de incerteza e imprevisibilidade. A ponderação que caracteriza o processo reflexivo exige tempo e tempo é algo que ninguém parece ter! A elaboração e implementação de projectos educativos confronta-se com esta contradição. Pretende-se que os resultados destes projectos sejam imediatos, mas o que acontece é que se encontram, frequentemente, dependentes de processos reflexivos que, como já referi, não obedecem a essa lógica imediatista.»




Por Rita Barros, 12 de Julho

A Avaliação

«Quanto à avaliação
Como parte integrante do processo/aprendizagem, a avaliação assume três formas: diagnóstica, formativa e sumativa.
A diagnóstica permite aferir os diferentes estilos e formas de aprender dos formandos e acontece antes, durante e no fim do processo/aprendizagem;
A formativa permite obter “feedback” sobre o progresso dos formandos e identificar dificuldades para lhes dar solução;
A sumativa resulta da análise dos níveis de desempenho dos formandos. Contudo e porque se centra mais nos processos que nos produtos, assume-me sob a forma de avaliação sumativa qualitativa.
“ (…) Usar a avaliação como uma oportunidade reflexiva (…) para construir uma aprendizagem para todos”.Pinto, J., Martins, A. & Sousa, G. (2008) Vieira, Nuno (2007), p. 10.
“Avaliação e planeamento são atividades inseparáveis; formam um processo único (…) ” Depresbiteris, L. (s/d) P.p.163-164.

Por Isabel Paiva, 8 de Julho

«A avaliação é um dos aspetos cruciais do projeto pois permite medir, em cada momento, a distância entre o que foi proposto alcançar e o que efetivamente se alcançou.
Parte-se, portanto, de uma realidade inicial a que se teve acesso através do diagnóstico, de seguida define-se os objetivos e metas a alcançar e, aplicadas as diversas atividades, de observar-se uma nova realidade.
É o grau de transformação da realidade que interessa medir. A avaliação deve medir até que ponto o trabalho permitiu cumprir cada um dos objetivos e metas propostos ou seja, em que medida teve um efeito positivo, negativo ou neutro nas populações com que se trabalhou.»


CICLO AVALIATIVO DO PROJETO


por Isabel Paiva, 19 de Julho

A Educação Popular




 Consultando o site indicado, a sua proposta académica/informal, de alcance social ( inspirada em Paulo Freire) pareceu-me bastante interessante, embora um pouco direcionada politicamente (mas se calhar não é o momento para sermos «apolíticos»). Dois aspetos suscitaram-me particular atenção e passo a citar:

«(...) uma das questões cruciais é a distinção e a relação epistemológica entre o conhecimento formalizado e codificado, característico da academia e outras formas de conhecimento e de produção do mesmo – por exemplo, o conhecimento incorporado em linguagens e tradições indígenas, o conhecimento que deriva da experiência de vida e o “conhecimento vindo de baixo” de povos explorados, oprimidos e marginalizados. Alguns argumentam que um processo genuinamente democrático e deliberativo deve basear-se num diálogo entre estes saberes (...)»,o que também considero: educação para o povo e valorização dos saberes populares de grande valor, em perigo de serem cilindrados pela globalização e lógica de vida atual.

Outro aspeto:

«Uma vez que o papel do Estado muda, novos espaços para a educação popular se revelam na relação reconfigurada entre o Estado, o mercado e a sociedade civil. Esta situação representa uma oportunidade para ocupar espaços criados pelas contradições e pelos resultados indesejados das políticas. Frequentemente, a educação popular intervém nestes hiatos criados entre as intenções e os resultados da política. »
Considero que este momento é propício a este género de atitudes: revela a tal autonomia tão importante na conceção da Aprendizagem ao Longo da Vida. Ocupemos os tais «espaços em aberto/falta».

Também gosto da lógica informal e «desmercantilizada» com que organizam os congressos. De facto estamos numa época de rever paradigmas de toda a espécie.
Eu.


Excertos do texto da página: «A Rede Internacional de Educação Popular: finalidades e contributos»,

Jim Crowther (Universidade de Edimburgo, Escócia, Reino Unido),Tradução da Paula Guimarães disponível  no link indicado acima

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Projectos e Práticas na Educação de Adultos- O Projecto Risc



Interessante é o exemplo do Reading International Solidarity Centre , organização de solidariedade e de desenvolvimento social, que partindo de uma situação de crise económica, se centrou nas questões de desenvolvimento sustentável, direitos humanos, globalização, numa perspectiva de educação para o desenvolvimento, enfrentando os constrangimentos económicos através da forma de uma  empresa social que, se não se autofianancia, pelo menos consegue um certo grau de autonomia vantajosa. A sua política afasta-se das perspectivas de beneficência e vai de encontro às necessidades dos vários grupos que constituem a comunidade local, trabalhando com  e para eles. De salientar a sua cooperação com o ensino formal no campo da «Cidadania Global» implementado em algumas escolas no reino Unido, que visa tantos os alunos como os professores, na lógica dum impacto profundo da aprendizagem na sociedade, da aferição do processo por ambas as partes e da importância do diálogo. 



Outra iniciativa prende-se com as coberturas ajardinadas ligadas a um conceito de sustentabilidade e base ecológica, promovendo a agricultura urbana, conceito levada para o meio escolar  como forma de exemplificar e aplicar o conceito de cidadania global, continuando a apostar nas hortas escolares e urbanas como meios de criar condições de sustentabilidade futura e soluções alternativas ao modelo vigente, retirados de sociedades com meios mais limitados, mas talvez mais inteligentemente utilizados.
Eu.


Dave Richards, «Expandindo Fronteiras», in Rizoma freireano, Vol. 5, 2009



Para mais informações sobre este projecto multifacetado consultar : http://www.risc.org.uk/





Potencialidades e Limitações dos Projectos e Práticas na Educação de Adultos-Desenvolvimento Local

Se no texto que analisámos anteriormente deparamos com uma conceção modelar de uma ação de formação, diferentes questões nos são trazidas pelo texto de Armando Loureiro referente ao papel de organizações não governamentais de desenvolvimento local, situadas no norte de Portugal e a sua prática na área da educação de adultos. Se por um lado constata o aumento da oferta referente à educação de adultos tanto a nível não formal, como a nível institucional e político, com ofertas alternativas às do currículo escolar, questiona-se sobre o seu verdadeiro sucesso a nível do desenvolvimento local e do papel de organizações não governamentais nesse processo.
O autor refere a importância da educação de adultos como «campo» de excelência para o desenvolvimento local, na medida em que tem a potencialidade de identificar os destinatários, as questões, os recursos e as soluções para os problemas de uma área ou localidade. Novamente os pressupostos desejáveis seriam a utilização de uma metodologia participativa, com uma participação dinâmica e activa dos adultos, visando a sua intervenção na comunidade e resolução de problemas. O ponto de partida : os problemas e necessidades reais existentes no local, assim como os recursos, estabelecidos com a participação activa e conhecimentos e experiência dos interessados e logo a sua capacidade crítica e reflexiva sobre uma dada situação. Pressupõe portanto, o diálogo entre os locais e os agentes de formação externos, numa aprendizagem mútua e partilha participativa, bem situado no contexto.
Esta situação afasta-se preferencialmente da visão burocrática e tecnocrática, «imposta do exterior», uniformizadora e centralizada, tomada do topo.
Também esta filosofia deve estar subjacente à formulação e transmissão dos conteúdos, que deve ter por base a tal atitude facilitadora do formador que permita o desenvolvimento dos formandos e sua intervenção plena a nível da comunidade.
Contudo, as conclusões alcançadas neste estudo visando as estruturas organizativas, o produto proposto e o estabelecimento de objectivos e estratégias, apontam para um desajuste entre o ideal teórico e a prática efectivada. Com efeito optou-se por uma prática de proposta de modelos a partir do exterior, sem a conexão com o local e segundo modelos formativos muito rígidos e dirigidos a uma lógica de inserção no mercado de trabalho, imposta pela necessidade de adesão e financiamento de programas da UE, segundo regras e objectivos uniformes, que não se quadram em realidades díspares e únicas e numa perspectiva de desenvolvimento pleno e global. Prática esta que exclui igualmente os recursos e as perspectivas dos locais não chamados a decidir sobre estes modelos. Daí o desencontro de interesses entre formatos propostos e necessidades locais. Os projectos limitam-se a enquadrar-se numa lógica de obtenção de financiamento. Assim há pouca articulação entre as actividades das instituições e acções de educação de adultos e fraca adesão do público, cujo interesse se limita à obtenção de subsídios. O auto-envolvimento da população, as necessidades locais e o desenvolvimento não são metas cumpridas.
Eu.

Armando Loureiro, «As Organizações não governamentais de Desenvolvimento Local e a sua Prática na Educação de Adultos: uma análise no norte de Portugal», in Revista Brasileira de Educação, Vol. 3, maio/agosto, 2008


Projectos e Práticas no domínio da Educação de Adultos- Um exemplo de animação educativa para formadores-prática teatral

Como exemplo de um projecto no âmbito de educação de adultos foi-nos proposto um exemplo que se centra na importância da animação educativa no desenvolvimento pessoal e social de futuros formadores/educadores, com vista a propiciar um desenvolvimento integral do indivíduo e seu futuro sucesso nas práticas pedagógicas. Com efeito a sua autora sublinha a importância da valorização do ser humano, na sua componente individual e social, para um eficaz exercício pedagógico/formativo.
Também aqui se reflete  o posicionamento da visão do formador/educador, não apenas como mero transmissor de conteúdos, mas como um agente «facilitador» da aprendizagem e do gosto por ela, tomando o indivíduo num sentido holístico e valorizando aspectos do foro afectivo e não meramente cognitivo, que permitirão o «desabrochar» dos aprendentes igualmente nessas componentes que integram o seu todo.
No fundo como refere Paulo Freire citado pela autora,« (...) só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros (...)»  (Cunha, 2008, p. 166). Essa inquietação positiva que conduz à interrogação, à questionação, à procura do saber, de novos posicionamentos face à realidade é o objectivo que se pretende num conceito educativo não meramente passivo, mas atuante em relação ao mundo. E este deve ser o «norte» que orienta o formador/educador.
Desta forma o que se pretende, em última análise, é o desenvolvimento do indivíduo na sua plenitude e sua inserção activa na comunidade. Daí a importância da estimulação de competências sociais e de trabalho numa comunidade, ao mesmo tempo que se criam condições para uma estruturação em pleno do indivíduo,  enfatizando a capacidade de refletir, criar e valorizar o percurso social.
Para além da componente humanista, deste pressuposto, importa salientar o fluir incessante da nossa época que coloca aos agentes de aprendizagem constantes e novos desafios e incertezas. Daí a opção pela vertente de animação social, consubstanciada na Oficina de Expressão Dramática como meio de formação com vista ao desenvolvimento do trabalho pessoal e coletivo, num espaço de colaboração comum, crítica e dinâmica, criativa e promotora da ação.
Os passos dados na execução deste processo iniciaram-se por um estudo diagnóstico da pertinência desta ação e pelas expectativas dos participantes, o que permitiu delinear um plano de ação e aferir a validade dos pressupostos iniciais, ajustá-los às necessidades dos participantes e definir uma estratégia metodológica «aberta» de investigação/ação, qualitativa e em constante processo de reajustamento.
A partir daí foi criada uma planificação da ação, tendo por base uma perspectiva dinâmica, tanto na consideração dos objectivos, como na organização das actividades e na adopção dos meios de avaliação e na sua calendarização. A sua implementação norteou-se pela constante revisão do processo e participação de todos os elementos, permitindo um constante reajustamento de meios, acções e objectivos.
A avaliação final da formação foi igualmente trabalhada no sentido de uma revisão e melhoria do processo e conhecimento do seu alcance e eficácia.
Eu.


Maria José dos Santos Cunha, « A Animação Educativa no Desenvolvimento Pessoal e Social de Futuros Formadores: uma abordagem centrada na prática teatral», in Revista Portuguesa de Educação, 2008, 21(2), Univ Minho, pp. 161/185


terça-feira, 25 de junho de 2013

O PAPEL DO FORMADOR





Quanto à posição do formador neste paradigma de Aprendizagem de Adultos, espera-se uma atitude diferente do professor tradicional, de reprodução de saberes e conteúdos. Este modelo a aprendizagem será um caminho de descoberta na colaboração, em comunidade de aprendizagem, da qual se espera que todos saiam enriquecidos: formandos e formadores.
Também os conteúdos abrangem um largo espetro, de componente interdisciplinar ou mesmo transdisciplinar.
Os métodos  são igualmente diferentes e tendem a cativar e ir ao encontro das expetativas dos formandos.A formação quer-se ativa e interativa, cativante, motivadora para formandos  com uma multiplicidade de perfis e de experiências ou percursos de vida.
O formador não será mais a tal «sumidade» detentora do saber; o seu papel é de facilitador do processo de aprendizagem do adulto, de um «acompanhador» do processo ; será um orientador, mas também um impulsionador , ao «espicaçar» o formando para outras realidades, outras formas de ver e por vezes também um transmissor do que os formandos não puderam ou querem saber, fornecendo «pistas» e material para colmatar eventuais falhas na formação de base.
De referir a importância do reforço positivo, especialmente com públicos em situação mais difícil ou menor escolaridade ( e menor autoconfiança e autoestima) e à empatia estabelecida, para que a motivação intríseca permaneça ou a extrínseca não se torne uma «violência». Será um «guia» interveniente, nesta «abertura ao mundo» do formando.

Ora isto é difícil, muito difícil. Se Knowles traçou um perfil de «superformando» (Quintas), não se ambicionará aqui um «superformador»? Pela abrangência dos currículos e pelo que deixam em aberto ( o que também pode funcionar como um estímulo).Porque nem todos os formandos têm igual capacidade de reflexão, de motivação e de exercício de autonomia. Porque é preciso  diretivas, pontos de partida e porque a aprendizagem requer gosto e (na minha opinião) esforço e trabalho.Porque a aprendizagem dialógica nem sempre é um campo fácil e agradável de percorrer.


Mas é igualmente uma atividade muito compensadora do ponto de vista humano, tendo em atenção os seus limites: o formador não é psicoterapeuta e não pode lidar com certo tipo de questões específicas. O seu papel restringe-se ao de «guia» para a aquisição de conhecimentos e facilitador do tal desenvolvimento/tranformativo do adulto e para a sua felicidade ao conseguir atingir novas metas e deixar, pelo menos, entrever, novos horizontes.
Eu.

Modelos e Prática Formativa



APLICAÇÃO DO MODELO NA PRÁTICA FORMATIVA

Do que me foi dado a conhecer pela leitura dos textos indicados, o modelo de educação para adultos, talvez não ainda completamente estabilizado (tendencialmente nunca estará e não convém que esteja) sustenta-se na conceção da aprendizagem como um processo dinâmico, que pode ocorrer em qualquer etapa da vida. Como aspira a uma perspetiva global do indivíduo, valoriza o seu percurso e experiências de vida. Daí que o ponto de partida, por assim dizer, seja a «narrativa de vida». O caminho faz-se pela reflexão, propiciada pela aprendizagem ancorada no diálogo e partilha, numa aprendizagem colaborativa, que conferirá um sentido e uma pertinência aos conteúdos e experiências, que desejavelmente provocará uma transformação no indivíduo e na sua capacidade de intervenção social.
Deve igualmente mobilizar a motivação do adulto através de processos que o considerem na sua integridade humana e capacidade de decisão e escolha.

Este será o paradigma; a operacionalização implica muitas dificuldades.E no entanto, na minha experiência formativa, aplicava-se o modelo, tanto quanto possível. Partia-se das «Histórias de Vida» para validar competências através de uma autodescoberta pela reflexão, potenciada pelo diálogo e troca de ideias; noutros formatos a narrativa base era complementada por uma formação um pouco mais orientada, mas que deixava igualmente em aberto hipóteses de construção de conhecimento «personalizados».
Contudo muitas vezes a metodologia, tinha de ter uma orientação mais pedagógica, de transmissão de saberes, para colmatar falhas na formação base dos formandos, e dentro do espírito de participação e autonomia do adulto, a pedido dos mesmos.

Provavelmente o diálogo entre os dois modelos, o académico e o dialógico, poderá ser profícuo. O primeiro conferindo pistas, o segundo operando a tal transformação/desenvolvimento do indivíduo e da comunidade de aprendentes e não só.
Eu.

Aprendizagem/Actividade Colaborativa



APRENDIZAGEM COLABORATIVA

«Neste tema estudamos os Modelos de Ensino para públicos adultos e dentro destes achei um que nós próprios poderemos conhecer melhor na medida em que o colocamos em prática aqui nesta comunidade de aprendizagem : A Aprendizagem Colaborativa

Recorrendo aos conceitos das teorias da aprendizagem colaborativa , não queria deixar de referir que o facto de estarmos aqui reunidos enquanto comunidade ( somos aqui uma entidade grupal e não uma soma de elementos de um conjunto) contribui para a nossa aprendizagem. Peters e Armstrong definem-na ” como um processo através do qual duas ou mais pessoas trabalham em conjunto e do qual resulta mais conhecimento, ou um conhecimento diferente , do que resultaria se estivéssemos a trabalhar de outra forma”.

Diria que o nosso grupo não constitui um grupo de aprendizagem de adultos no sentido em que temos vindo aprender. Ou seja todos nós tivemos um percurso dito “normal” e os nossos certificados foram emitidos e atestam um grau de escolaridade obtido dentro do sistema normalizado .Todavia se transportarmos esta noção de aprendizagem colaborativa para a educação de adultos diria que “este processo de participação leva a que cada interveniente , através de processos que produzem novos conhecimentos a partir da experiência pessoal , participe ativamente na sua própria construção de significados e requer que cada interveniente participe em quase todas as decisões que afetam o trabalho do grupo “ in Helena Quintas. (...)
Fernanda Mexia, 21 de Junho

"... há outro factor subjacente, ou transversal, que não pode ser ignorado: a actividade cooperativa mediada pelo professor. Não importa se o ambiente é presencial ou virtual, o que importa é a interacção pessoal, a troca de significados, procurando o compartilhar significados" (Valadares & Moreira, 2009, p. 121). Eu apenas substituiria a "actividade cooperativa" pela "actividade colaborativa".
Valadares, J. & Moreira, M. (2009). A Teoria da Aprendizagem Significativa: sua fundamentação e implementação. Coimbra: Almedina.

Rita BARROS, 23 de Junho



Mais informação:
COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM: EM TORNO DE UM
CONCEITO
http://revista.educ.fc.ul.pt/arquivo/vol_XVIII_2/artigo2.pdf

A Aprendizagem Dialógica



«A aprendizagem dialógica [um dos princípios base dos modelos de Educação de Adultos] apresenta sete princípios:

(1) Diálogo Igualitário : o diálogo igualitário, princípio da aprendizagem dialógica está em sintonia com a ação comunicativa, proposta por Habermas. Neste tipo de ação cada pessoa faz suas próprias contribuições ao diálogo. As falas não são classificadas como melhores ou piores, mas apreciadas como diferentes. Esse princípio confere à atividade educativa uma nova maneira de estabelecer-se: o que vale a partir deste modelo é a força que tem cada argumento e não o poder que ocupa a pessoa que o apresenta.

(2) Inteligência Cultural : quanto ao princípio de inteligência cultural, Flecha (1997) destaca o fato de que todas as pessoas têm as mesmas capacidades para participar em um diálogo igualitário, mesmo que cada uma possa demonstrar essas capacidades em ambientes distintos. Isso significa que cada pessoa tem uma inteligência que é reportada ao contexto em que vive, e que se pode seguir aprendendo ao longo de toda a vida.

(3) Transformação : a aprendizagem dialógica transforma a relação entre as pessoas e o seu entorno. A maneira de aprender gerada a partir do diálogo igualitário acaba por transformar as pessoas e o conceito que têm de si mesmas e das instituições em que vivem. A escola, nesta perspetiva, também passa a ser transformadora.

(4) Dimensão Instrumental : trata-se da aprendizagem, por meio do diálogo, de conhecimentos acadêmicos e instrumentais, pois a aprendizagem dialógica inclui todos os conhecimentos que são necessários para a sobrevivência na sociedade atual. A aprendizagem instrumental não se opõe ao diálogo. Ao contrário, ela se intensifica a partir da aprendizagem dialógica.

(5) Criação de sentido : o contexto atual favorece e alimenta o individualismo e isso contribui para que muitas pessoas percam o sentido de suas vidas. A vivência a partir da aprendizagem dialógica possibilita quer e criemos um novo sentido, não só individualmente, mas também do coletivo, como é o caso da escola. 

(6) Solidariedade: assim como ficamos mais individualistas frente a esse novo contexto, também vamos aprendendo a ser menos humanos e menos solidários, pois a sociedade “seleciona” os melhores e exclui o resto das pessoas. A aprendizagem dialógica é formulada com base em teorias como a de Freire e Habermas porque acredita nos valores de igualdade, paz, liberdade e solidariedade. Assim, uma prática educativa que se propõe dialógica só pode pautar-se na solidariedade.

(7) Igualdade de diferenças : a aprendizagem dialógica luta pela igualdade de diferenças porque acredita que a verdadeira igualdade inclui o mesmo direito que cada pessoa tem de ser e viver de forma diferente. Por isso, todas as pessoas que participam do diálogo têm o igual direito de ser diferentes.

Por meio da aprendizagem dialógica, a transformação de uma escola em Comunidades de Aprendizagem é pensada diante da participação de todos e todas, buscando construir uma educação de qualidade para todas as pessoas que responda às necessidades da sociedade atual. »

Referência: Mello, Roseli Rodrigues ; Braga, Fabiana Marini ; Rodrigues, EglenSilvia Pipi Gabassa, Vanessa Artigo COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM: UMA PROPOSTA DE EXTENSAO UNIVERSITARIA
Isabel Paiva, 18 de Junho



Ainda sobre os Modelos Teóricos da Aprendizagem de Adultos



«Os modelos teóricos [neoliberal/humanista e crítico-liberal] (...) são modelos explicativos do processos de aprendizagem que, pelo seu carácter generalista, também poderão ser aplicados à aprendizagem na vida adulta. Os dois paradigmas propostos por Quintas e, posteriormente, por mim reformulados, são princípios orientadores das práticas de Educação de Adultos.
 Quando defendo o Paradigma crítico-humanista/existencial, recorro aos contributos de Mezirow e Freire pela complementaridade que neles identifico. Mezirow apresenta uma conceptualização da aprendizagem do adulto, intelectualmente sólida, ligando-a à mudança social. Não se limita a sumariar contributos teóricos de outros autores, mas analisa-os criticamente e integra-os num quadro conceptual unificado. Pese embora se saliente uma postura ecléctica, a sua conceptualização carece de uma conexão robusta entre transformação de perspectiva (individual) e mudança social. Tal como os autores que se integram nas correntes humanistas, presume que a transformação de perspectiva e a aprendizagem do adulto conduzem automaticamente à acção e à mudança social. É justamente neste aspecto que Paulo Freire complementa esta perspectiva, ultrapassando o referido automatismo com o sublinhar da dimensão colectiva da aprendizagem, no sentido da transformação das condições sociopolíticas.»

Rita Barros, 20 de Junho


«(...)não encontramos na literatura de especialidade uma teoria geral da aprendizagem do adulto. Tal seria desde logo impossível, considerando a variedade de actividades e estilos de aprendizagem, já para não falar dos processos desenvolvimentais que recheiam a idade adulta e, como sabemos, condicionam a aprendizagem, em função da fase específica e da transição da vida adulta a que nos estamos a reportar.

Globalmente, podemos indicar três grandes correntes de pensamento em Educação de Adultos:
- o humanismo, amplamente reportado por vários membros desta comunidade,
- o pragmatismo, que sublinha a aprendizagem experiencial e o interaccionismo simbólico protagonizado por Mezirow, em que a aprendizagem tem uma dimensão individual e, simultaneamente, colectiva (a aprendizagem transformacional implica o auto-desenvolvimento da identidade).
- as abordagens sócio-críticas de inspiração marxista, nas quais se destacou Paulo Freire.

Todavia, e face à diversidade teórica, reparamos nalgumas regularidades, das quais destaco a autonomia do adulto no que se refere ao acto de aprender e à utilização da experiência pessoal como recurso de aprendizagem.
As práticas andragógicas, sustentadas em opções teóricas que definem os modelos estudados, salientam algumas das características da aprendizagem do adultos. Essas práticas, em função dos indivíduos/grupos a que se dirigem e de acordo com os objectivos da intervenção, devem então eleger os pressupostos teóricos mais adequados.»



Rita Barros, 23 de Junho



O Efeito S. Mateus

Ainda em relação ao interessante conceito do «Efeito S. Mateus» (segundo o conceito do sociólogo americano Robert Merton segundo o versículo “porque a todo aquele que tem, será dado e dado em abundância; ao passo que ao que não tem, ainda o que tem lhe será tirado” Mt., XXV, 29),   penso que corresponde a uma grande parte da realidade da Aprendizagem ao Longo da Vida: quem mais aprende, mais quer aprender e mais e melhores meios de aprendizagem procura, quer no meio formal ou informal e a título voluntário. São estas pessoas que ingressam em atividades culturais de ambos os tipos, tuteladas por instituições ou criadas pela sociedade civil e comunidade. Estas pessoas têm facilidade em reconfigurar trajetos e percursos, enveredando por novas vias que conferem um novo significado e valência às suas vidas. São estas o público para formatos de divulgação de saber variados, que vão desde uma comunidade de leitores a uma conferência ou seminário.

A formação propriamente dita, de teor técnico, ou com um teor de equiparação à escolarização,tutelada por organismos públicos ou parcerias, dirige-se, no nosso país, a segmentos da população específicos: os que detêm menor nível de escolaridade e os desempregados, este últimos «compelidos/motivados» externamente. É evidente que é necessário captá-los e motivá-los, podendo esta ser uma forma de veicular o gosto pelo aprender.Contudo, pecará pela sua tónica profissionalizante e teor economicista, dirigido a um hipotético mercado de trabalho e aquisição de competências profissionais. Visão que terá a sua utilidade, mas restringe os contextos de atuação e direciona a educação de Adultos.
Eu.