Se no texto que analisámos anteriormente deparamos com uma conceção modelar de uma ação de formação, diferentes
questões nos são trazidas pelo texto de Armando Loureiro referente ao papel de organizações não governamentais de desenvolvimento local, situadas no norte de Portugal e a sua prática na área da educação de adultos. Se por um lado
constata o aumento da oferta referente à educação de adultos tanto a nível não
formal, como a nível institucional e político, com ofertas alternativas às do
currículo escolar, questiona-se sobre o seu verdadeiro sucesso a nível do
desenvolvimento local e do papel de organizações não governamentais nesse
processo.
O autor refere a
importância da educação de adultos como «campo» de excelência para o
desenvolvimento local, na medida em que tem a potencialidade de identificar os
destinatários, as questões, os recursos e as soluções para os problemas de uma
área ou localidade. Novamente os pressupostos desejáveis seriam a utilização de
uma metodologia participativa, com uma participação dinâmica e activa dos
adultos, visando a sua intervenção na comunidade e resolução de problemas. O
ponto de partida : os problemas e necessidades reais existentes no local, assim
como os recursos, estabelecidos com a participação activa e conhecimentos e experiência
dos interessados e logo a sua capacidade crítica e reflexiva sobre uma dada situação.
Pressupõe portanto, o diálogo entre os locais e os agentes de formação
externos, numa aprendizagem mútua e partilha participativa, bem situado no
contexto.
Esta situação
afasta-se preferencialmente da visão burocrática e tecnocrática, «imposta do exterior»,
uniformizadora e centralizada, tomada do topo.
Também esta
filosofia deve estar subjacente à formulação e transmissão dos conteúdos, que
deve ter por base a tal atitude facilitadora do formador que permita o
desenvolvimento dos formandos e sua intervenção plena a nível da comunidade.
Contudo, as
conclusões alcançadas neste estudo visando as estruturas organizativas, o
produto proposto e o estabelecimento de objectivos e estratégias, apontam para
um desajuste entre o ideal teórico e a prática efectivada. Com efeito optou-se
por uma prática de proposta de modelos a partir do exterior, sem a conexão com
o local e segundo modelos formativos muito rígidos e dirigidos a uma lógica de
inserção no mercado de trabalho, imposta pela necessidade de adesão e financiamento
de programas da UE, segundo regras e objectivos uniformes, que não se quadram
em realidades díspares e únicas e numa perspectiva de desenvolvimento pleno e
global. Prática esta que exclui igualmente os recursos e as perspectivas dos
locais não chamados a decidir sobre estes modelos. Daí o desencontro de
interesses entre formatos propostos e necessidades locais. Os projectos
limitam-se a enquadrar-se numa lógica de obtenção de financiamento. Assim há
pouca articulação entre as actividades das instituições e acções de educação de
adultos e fraca adesão do público, cujo interesse se limita à obtenção de
subsídios. O auto-envolvimento da população, as necessidades locais e o
desenvolvimento não são metas cumpridas.
Eu.
Armando Loureiro, «As Organizações não governamentais de Desenvolvimento Local e a sua Prática na Educação de Adultos: uma análise no norte de Portugal», in Revista Brasileira de Educação, Vol. 3, maio/agosto, 2008
Eu.
Armando Loureiro, «As Organizações não governamentais de Desenvolvimento Local e a sua Prática na Educação de Adultos: uma análise no norte de Portugal», in Revista Brasileira de Educação, Vol. 3, maio/agosto, 2008
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